[1]
The year of 2007 started with the Lusosphere being surprised by the announcement of the death of a well known blogger. MEG [Maria Elisa Guimarães] became famous as the editor of SubRosa [3], one of the first-generation blogs in Brazil, and also because of her relentless promotion of conversation among bloggers through an active and warm-hearted commenting and emailing activity. The eulogies performed throughout the Lusosphere gained a great deal of attention as MEG was darling to many of the first A-list Brazilian bloggers. Never-the-less, something peculiar about Meg's announced death kept ringing in some of her closest friends. Indeed, there was more to the story than what could be seen at first sight but Lusophone bloggers, old and new, did not hold back expressing their homages to their beloved colleague.
Na verdade, Meg, não faço a menor idéia de como começar. Na alienação imatura que só faz adiar o inadiável, eu achava que nunca precisasse escrever esse texto. E vou cair, claro, nos lugares-comuns – que na verdade acabam sendo o refúgio secreto dos que se aventuram a afetar irreverência. Vou dizer, sim, que a blogosfera perdeu toda a graça. Vou dizer, sim, que passam na tela do meu PC todos os posts onde você fazia megabytes de propaganda carinhosa de blogueiros que, segundo você, valiam a pena ser lidos – e que depois disso deixaram definitivamente o anonimato internético.
MEG [4] – Ao Mirante, Nélson [5]
MEG [4] – Ao Mirante, Nélson [5]
O jardim ameno do seu blog era um grande e agradecido sorriso. Escrevia no Sub Rosa [6] como “forma de resistência“, como “desejo de sobrevivência“. Com tranquilidade e muita esperança. Docemente. Quem ama a vida, assim, desperta decerto na eternidade. A nossa sentida homenagem. Daqui, de Portugal, que a Maria Elisa Guimarães tanta amava, um derradeiro Vale! de despedida.
À minha querida MEG [7] – Almocreve das Petas [8]
À minha querida MEG [7] – Almocreve das Petas [8]
Alguém aqui já conhecia a Meg? Do dia 14 de janeiro pra cá, Meg se tornou assunto recorrente em vários blogs. Tomei conhecimento de Meg ao ler um post muito bonito [4] no Ao Mirante, Nelson. Não entendi direito o que queria dizer, mas vi que era uma homenagem. Pouco tempo depois, talvez até no mesmo dia, não lembro, li outro post [9], agora no blog de Cíntia, mulher de Nelson, externando sua tristeza pela morte de Meg. E, se não me engano, li mais um outro texto lamentando essa morte, só que não sei mais onde foi. Pelo que pude perceber, Meg era uma blogueira das antigas, dona do Sub Rosa, e muito querida dos blogueiros de primeira geração. Em algum desses posts-homenagens tinha o link pro Sub Rosa e cheguei a ler uma coisa ou outra. Ainda pensei: “poxa, depois que a moça morre é que eu fico conhecendo o blog… agora é tarde.”.
MEG [10] – É a mãe! [11]
MEG [10] – É a mãe! [8]
Hoje, a blogosfera, sobretudo aí no Brasil, está fazendo uma homenagem à doce Meg. Todos os que a conheceram escrevem um post dedicado. Uma das mais bonitas será a do Paulo José Miranda [12]. O Paulo JM é um poeta português que se apaixonou pelo Brasil e por uma rosa, Meg. Mas ela tocou muita gente, pela via do amor e da amizade. Deste lado do mar, quero que também fique registada a saudade. a nossa saudade, a do fado, de que Meg, mesmo sorrindo muito, era tão apreciadora. Sabia que ela era fã de Aldina Duarte [13]?
Bill, você conheceu a Meg? [14] – Ante Et Post [15]
Bill, você conheceu a Meg? [14] – Ante Et Post [15]
The first report about the presumed fatality appeared in a post [16] [‘My Woman Died’] from Paulo José Miranda, a Portuguese blogger who writes as if he were Meg's husband, despite confessing that they met in person only once(!), during a weekend in Sao Paulo. There were details of a diagnosed cancer in Meg and a trip to New York's Mount Sinai Hospital for specialized treatment. Contradictory signals started to arise when some bloggers found out that the IP address used by Meg in her ‘last’ posts and comments was not from a US ISP, but it was instead coming from some place covered by Telemar Norte, a company providing Internet access to the northern region of Brazil. Reactions to the growing evidence that Meg's death was a hoax, and that she was now online with another name [Tereza Quetzal] turned a mourning blogosphere into a crossfire of judgments.
O post intitulado Sub Rosa foi apagado. A Meg não morreu. Tenho passado a tarde de hoje a tentar esclarecer esta história [17]. Vou tomar como verdade a notícia de que não morreu, pois recebi um pedido de desculpas da pessoa que me informou da sua morte. De um e-mail a uma pessoa com quem troquei algumas notas sobre o caso hoje à tarde, destaco a única coisa que me “apraz” dizer: «Uma tristeza, brincarem assim com os sentimentos das pessoas. Uma vergonha. Isto é o cúmulo da mediocridade e da cretinice. Como é possível esta gente ser tão lorpa?» Não tenho mais nada a dizer, senão lembrar-me, mais uma vez, do que há dias aqui [18] escrevi [Nas prisões norte-americanas corre entre os presos uma regra de sobrevivência que se aplica muito bem às relações cibernéticas: Don't Trust Nobody!]
Nota [19] – Insónia [20]
Nota [19] – Insónia [20]
O pior não foi forjar a morte. Mas se apresentar de novo com um pseudônimo, afirmando ser uma amiga, e insinuando uma transcrição de palavras de Meg, algo do além. Agora se sabe que a amiga é a própria Meg. Não há informações de familiares. Há pessoas que falam com a certeza de que ela está viva e que a farsa tem proporções maiores, como um pseudo-marido, que publica fotos de uma mulher bem mais nova, a Meg tinha/tem aproximadamente 60 anos, afirmando que é a própria e que ela morreu. O antigo blog foi modificado e está no nome de outra pessoa. Às especulações unem-se coisas ruins e aspectos negativos de sua personalidade, que foram surgindo no bafafá de comentários que se transformou o episódio. É comum nos decepcionarmos com as pessoas, ainda mais no meio virtual, que não podemos ter certeza de nada. As pessoas podem simplesmente montar uma vida virtual, como forma de fuga, diversão, medo de encarar o real e se esconder atrás de um computador. Os blogs estão cheios de pessoas que gostam de chamar atenção. Nessa vida aprendi a tentar nunca julgar e procurar entender. Mas a lição que fica é: a vida virtual não compensa, deveríamos, sim, passar mais tempo com nossos amigos reais, em ambientes reais, seríamos mais felizes.
Sobre blogs e enganos [21] – Palavras dispersas [22]
Sobre blogs e enganos [21] – Palavras dispersas [22]
Tem vezes que não durmo bem. Esta noite me grilei muito com a história da MEG. Para quem não conhece a história, aviso que é triste. No começo das bloguices esta mulher, consideravelmente mais velha que os outros blogueiros, era muito envolvida nos blogs, dava conselhos, animava as pessoas, esses babados. Parece que era muito doentinha. Ninguém a conheceu ao vivo, exceto o Marcus Pessoa, que é da região norte. Aí, de repente vem a notícia que ela tá num hospital USA. E daí que ela morreu. Houve choro e ranger de dentes. Até que descobriram que ela não morreu coisa nenhuma, que o mail dela vinha do Norte mesmo, não dos EUA. Parece que além do câncer ela tinha desordem bipolar. E então me sinto revoltada com o comentário das pessoas sentidas pelo logro. É o contrário do filho pródigo. A pessoa que era exemplar virou uma velha sem ter o que fazer e daí morro a baixo.
Que tristeza a raça humana [23] – Universo Anárquico [24]
Que tristeza a raça humana [23] – Universo Anárquico [24]
Apart from the overheated exchange between the enraged ex-mourners and Meg's temperate supporters and friends, there were interesting remarks among the hundreds of comments that started sprouting on blog posts about the issue. There were good ones going deeper into some psychological aspects of blogging, and others speculating about possible plans to take advantage of the attention gathered by the case.
Em uma preciosa entrevista [25] concedida à jornalista Elis Monteiro em maio de 2002, Meg afirmou: “Escrever um blog é uma tarefa que não se faz sozinho. Vira um trabalho coletivo. Quer no fato de que as pessoas que nos lêem seguem indicações e chegam a outros destinos, vão em frente, como também suas críticas, seus questionamentos, os que apontam erros nossos, contribuem expressivamente para se saber a quantas se anda. (…) Acho que blog é uma experiência conjunta de se viver melhor. Da prática da partilha, a negação da propriedade absoluta. Exercício de esforços do afeto“.
Um poema para Meg [26] – Pensar Enlouquece, Pense Nisso [27]
Um poema para Meg [26] – Pensar Enlouquece, Pense Nisso [27]
Se Meg é um personagem – tudo lhe é permitido – morrer, renascer, reinventar, estrapolar, transcender. O que significa o lógico? É importante a pessoa ser lógica? O que é importante, ser dramática ou lógica? O que é a desassociação de idéias? No que ela difere, numa pessoa artística e numa pessoa mentalmente doente? Alguém que se recupera de um ataque cardíaco por acaso se recupera carregando pedras? Não deveria essa pessoa esperar até estar bem para discutir tais questões , já que estando doente inevitavelmente levará a pior ao tentar infringir os direitos dos outros? Sorry, eu não sou Meg!
Comentário [28] de Zelda Scott in InternETC [29]
Comentário [28] de Zelda Scott in InternETC [29]
Quem sabe, dia qualquer, a Meg “reencarne”, não é mesmo? Muito já escrevi sobre blogueiros que se utilizam da internet para suprir suas carências de ordem sentimental. Não que seja errado, ou condenável, mas é algo tristíssimo por ser ineficiente. Acaba dando em NADA! A pessoa fica dependente de comentários elogiosos, sofre quando estes diminuem, faz piruetas e distribui ‘docinhos’, tudo para receber sua dose de carinho virtual. O carinho virtual assume a mesma importância do oxigênio, da água, da luz do sol. Não condeno esses viciados em carinho virtual, já disse. Somos todos neuróticos em algum grau, ainda que mínimo… Bom… o alerta que fica – se é que alertas têm alguma serventia prática, é: nosso blog não é nosso mundo, nem é nossa alma, muito menos o nosso coração. Nosso blog é apenas um espaço onde publicamos fragmentos do que somos. Se o levarmos muito a sério, ele – o blog – nos “matará”, ainda que virtualmente. Abração, Ina, e trate de não morrer jamais, ok?
Comentário [30] de Dennis [31] in Pensar Enlouquece, Pense Nisso [27]
Comentário [30] de Dennis [31] in Pensar Enlouquece, Pense Nisso [27]
Tenho informações que considero muito fieis aos fatos. A Meg esta fazendo uma pesquisa sobre o comportamento humano na Blogosfera. Fez isso e vai lançar um livro, que segundo minha informante, será muito bom, esclarecedor. Realmente deve dar uma ótima radiografia do comportamento humano. Quando souberam que ela morreu, todos a elogiaram, era a melhor pessoa do mundo e agora tudo se inverte. Ja encomendei meu livro.
Comentário [32] de Anonimo in InternETC [29]
Comentário [32] de Anonimo in InternETC [29]
É a internet no seu melhor. Empatias, amizades, amores e desamores, blogs, e-mails, IRC, ICQ, MSN e o diabo a quatro… Tudo por um pouco menos de solidão. E estamos, afinal, ainda mais sós. R.
Comentário [33] anônimo in Nota [19] – Insónia [20]
Comentário [33] anônimo in Nota [19] – Insónia [20]
As a last word I will quote Cora Rónai, journalist, one of the first Brazilian bloggers and still today one of the most read ones in Brazil — and Meg's friend.
O Anônimo escreveu: “Se não fosse pelas maldades, ela mereceria compaixão…” Perdão, mas… que maldades? Nos quase 150 comentários do post lá embaixo, várias pessoas deram depoimentos em que reconheceram, em primeira pessoa, o carinho e a gentileza que receberam da Meg. Não houve um só relato de alguém que se dissesse diretamente vítima de qualquer maldade. Falaram na Magaly e num blog deletado em 1915, sem levar em consideração o que eventualmente estaria escrito naquele blog, e porque cargas d'água a Meg teria a sua senha. Repito o que escrevi: acho que ela quis dar um perdido no tal português — que deve ser, este sim, um tremendo mau caráter (fiquei horrorizada ao ver como ele quis surfar na popularidade da sua “falecida mulher”) — não calculou o exato alcance dos seus atos e, a essas alturas, se a conheço, deve estar arrasada e profundamente arrependida do que fez. A meu ver a Meg é, sim, digna de compaixão. Muita compaixão. Por vários motivos, mas agora, sobretudo, por ter posto a perder tantos amigos conquistados ao longo dos anos: afinal, também não se pode pedir a ninguém que chore o mesmo defunto duas vezes. Dito isso, vamos cuidar da vida.
Caso Meg [34] – internETC. [29]
Caso Meg [34] – internETC. [29]